Universo de palavras: atividade para a alfabetização com ficha para imprimir!

 Alguém me disse que eu poderia fazer mais. Esse alguém sempre foi calado por quem sempre me julgou menos, e disse que eu DEVERIA fazer menos.

Esse menos que consideram normal. E o normal é constrangedor. Não existe nenhuma normalidade. Existe uma tentativa cega de adequação. Porque em algum momento nos impuseram essa tentativa como a única saída possível para a aceitação.

Seguimos engolindo o que podíamos fazer em detrimento do que aceitariam que fizéssemos, o normal.

UNIVERSO DAS PALAVRAS

Já lhe disseram que você recebe um ser VIVO, PENSANTE, e com INFINITAS POSSIBILIDADES quando recebe uma nova turma de alfabetização, não é? Sim, todas as metodologias atuais estão pautadas no respeito às diferenças e no pleno desenvolvimento das potencialidades e capacidades. Na valorização do "eu" e no incentivo à criação e desenvolvimento inerentes a este "eu", o que por si já, em nossas teses, gera seres pensantes e capazes.

O que ninguém nunca lhe disse é que este discurso muito bonito é complicado de colocar em prática. Na prática, tenho sim uma métrica muito "certinha", quase uma "régua" do que ESPERO RECEBER. Não, eles não ultrapassam o que eu imagino o limiar onde podem chegar. E precisam sim DE AJUDA para alcançarem ALGO A MAIS, talvez esse algo a mais que EU JULGUE o brilhante caminho da Alfabetização ou a nobre estrada do "conseguiram" seguido de um grande UFA! Parece que estamos iniciando sim um processo que será pesnoso, que será pesado, que será difícil.

Precisamos? Sim, DESCOMPLICAR. Simplificar. Tornar mais fácil. Para o que julgamos seres tão pequeninos... Não podem saber nada mesmo... De onde vieram? De casa? De uma família pobre, sem jornal e sem revistas, sem livros, talvez? De um universo onde só faziam brincar, se também mais abastados? Cheios de vontade própria e completamente necessitados de uma direção, de uma mão que os oriente. São apenas crianças!

Os olhos curiosos que recebemos morrem. Os sorrisos felizes com que somos presenteados estancam. A vontade da descoberta, tão feliz com os bichinhos habitntes do nosso quintal some. Estamos largados em uma sala acinzentada, com uma pessoa a frente. Alguém em algum momento nos fará entender que obedecer é a regra principal. Eles gostam de ordens. E de ordem. E desejam organizar também os meus pensamentos, não satisfeitos em organizar comportamento e fala. Vou começando a esquecer. Estou começando a ser ensinado que preciso lembrar apenas do que importa, não para mim.

Elas entram em cena: as letras. Estamos curiosos ainda? São apresentadas de modo musical? escrito? desenhado? rabiscado? Alguém me disse para que serviam? 

Disseram que se chama letra B. Ela tem um nome, como eu! Mas não, não disseram que tem várias amigas, Está só, como eu.

O que faço com ela eles dizem. Para quê serve ela eles ensinam.

Gritam, cantam, rabiscam. Esse B deve ter alguma importância além disso que me falam.

Eu queria todas as letras do mundo.

Eu gostaria de ter feito a mágica acontecer, de ter me orgulhado de descobrir! Mas nem eles sabiam.

Quando imprimir a ficha abaixo, você pode deixar num local onde eles possam pegar, curiosos. Tem ali um papel onde podem anotar ou escrever o que quiserem. O que pensarem, O que estiverem sentindo.

Chamaremos de nosso universo.

Antes das palavras, havia sentimentos, olhares, curiosidades, força, pensamento, lógica, compreensão própria e muitas outras coisas.

A palavra lhes vestiu de forma?

O universo deles é cheio delas. Eles tem uma vida, antes de nós!

O universo que jogamos no lixo é repleto de histórias nunca contadas porque ninguém nunca quis escutar.

Podem escrever vocês neste papel. Vocês sabiam que é mágico poder colocar você, ali num papel em branco?  E as palavras nascem.

Se estivéssemos num outro tempo e lugar, talvez em algum momento prescindíssemos delas. Conhecedores seríamos de sua carga e eu não gostaria de utilizar esta palavra, mas sim, poder. (parece que estou me referindo a desenhos animados e a super heróis, mas não, estou falando de algo real e palpável.)

Aqui estamos, e precisamos ainda conhecer a sua força.

A imagem do universo, o lugar onde estamos.

O Planeta Terra, que habitamos.

E o nosso universo particular, que unido a todos os outros universos, o forma. A carga que ele carrega vem de nós.

Podem anotar o nome do gatinho, o nome do cachorrinho, e o nome dos brinquedos prediletos. Esse é um mundo respeitado, um mundo escutado, ouvido. Porque muito mais que falar, nós, enquanto Escola, estamos precisando escutar. Ali está o mundo de quem está à nossa frente. Ali está um universo criado por dias e dias de emoções vividas, toda uma carga a ser levada para a vida, valorizada ou desvalorizada. Ouvida ou esquecida. O universo seguirá sendo formado destas "cargas vitais". Nada do que façamos irá impedir isto. Mas nós fazemos. E não costuma ser bom. O resultado do que fazemos, como será?????

Ficha para a atividade:

Que escrevam, que falem, que anotem, que digam, que se expressem e que te deixem boquiaberto pelo que conhecem e sabem, pelas interrogações surgidas. Mas que isto não seja uma atividade planejada e esquecida, uma aula, entre mil outras às pressas, para cumprir "o planejado", que seja modo de enxergar, de querer fazer, de querer ver onde ninguém viu. E de permitir que sejam mais que você, porque alguns deles serão! Talvez curem seu neto de alguma doença impossível com a simples e humilde libertadora noção e sensação de que podiam, sim! Como temos limitado esse universo. E esse universo, meus amigos, é onde vivemos. Limitados seguimos, limitando pequenos seres futuramente formadores de tal panorama. Em que panorama vivemos? Nós o formamos. Somos todos autores ou co-autores da essência deste grande universo de seres e almas, que habitamos! O resultado do que fazemos virá, um dia? Nós o vivemos, todos os dias. Até que um dia não seja mais suportável suportar nossa criação megalomaníaca. Estes somos nós.